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História do Parque Nacional de Gorongosa

Origens

1920-1940
 

Desde muito cedo a paisagem dramática e a rica fauna bravia da regiãoda Gorongosa atraíram caçadores, exploradores e naturalistas. O acto oficial com vistaa proteger este esplendor apareceu pela primeira vez em 1920, quando a Companhiade Moçambique ordenou que 1.000 quilómetros quadrados fossem conservados comouma Reserva de Caça para os administradores da companhia e seus visitantes. ACompanhia controlava toda a região central de Moçambique entre 1891 e 1940, tendosido esta área concedida pelo Governo de Portugal.

Pouco se conhece sobre os primeiros anos da Reserva, com excepção de que a partirde uma dada altura, um certo homem de nome José Ferreira começou a residir numacasa coberta de colmo no Chitengo incumbido de  proteger a fauna bravia. Em 1935, oSr. José Henriques Coimbra foi designado administrador e o senhor Ferreira tornou-seno primeiro guia turístico. Naquele mesmo ano, a Companhia de Moçambique alargouo espaço da Reserva para uma área de 3.200 quilómetros quadrados para proteger ohabitat de Inhalas (uma espécie de antílopes) e Rinocerontes pretos, ambos  troféus decaça muito apreciados.

Uma carta escrita por um oficial da Companhia de Moçambique em 1935 mostraclaramente que nos primeiros anos, aReserva era para um pequeno grupo decaçadores, e não propriamente um santuário de vida selvagem. “Uma visita à Beiraserá em breve feita pelo Cruzador Britânico CARLISLE, que consistirá numa jornada decaça para os respectivos oficiais nas planícies abertas de Gorongosa,” assim escreveuo oficial para o administrador local.

Recomenda-se que o Administrador tome as medidas necessárias de modo a garantirque os ilustres visitantes não encontrem os animais muito excitados ou dispersos, oque tornaria difícil o êxito da caçada.

Em 1940, a Reserva já se tornara bastante famosa, uma nova administração e umcampo turístico foram construídos nas planícies perto do Rio Mussicadzi. Infelizmenteeste sítio teve que ser abandonado dois anos mais tarde, devido a grandes cheias naépoca das chuvas. Os leões tomaram conta das construções abandonadas e o lugartornou-se num grande atractivo turístico por muitos anos, conhecido com o nome deCasa de Leões.

 

1941-1959
 

Depois do término do contrato da Companhia de Moçambique, a gestãoda Reserva passou para as mãos do governo colonial. Sob a administração do CapitãoPinto Soares, o fiscal Alfredo Rodrigues tomou os primeiros passos oficiais com oobjectivo de banir as caçadas e de estabelecer um negócio turístico viável.

Em 1951 começaram outras construções de uma nova administração e acomodaçõesno Chitengo, incluindo um restaurante e um bar. No mesmo ano, o governo aumentoumais 12.000 quilómetros quadrados da zona de protecção à volta da Reservaparamitigar os impactos da estrada da Beira para Rodésia, que passava por Chitengo. Atéaos finais de 1950  mais de 6.000 turistas visitavam anualmente a Reserva e o governocolonial tinha atribuído a primeira concessão de turismo no Parque.

Em 1955, o governo colonial decretou que a Divisão dos Serviços de Veterinária assumisse ocontrolo sobre a gestão de toda a fauna e flora bravia em Moçambique, incluindo a Gorongosa.A Gorongosa foi nomeada Parque Nacional pelo governo português, em 1960.

 

O Apogeu
1960-1980

 

Em 1960, após reconhecer que a reserva necessitava de mais protecção ecológicaformal e mais instalações para a actividade turística crescente, o governo portuguêsdeclarou a reserva e mais 2.100 quilómetros quadrados de terra (um total de 5.300quilómetros quadrados), um Parque Nacional.

O novo Parque deu passos significativos de melhorias, arrancaram construções deestradas e outras infra-estruturas. Entre os anos de 1963 e 1965, as instalações deChitengo foram alargadas para acomodar pelo menos 100 turistas. Durante esseperíodo o Chitengo passou a dispor de duas piscinas, um bar e um salão de festas, umrestaurante com capacidade de servir entre 300-400 refeições por dia, uma estação decorreios e uma estação de abastecimento de combustível, uma clínica para urgências,e uma loja para vender objectos artísticos locais.

As receitas das licenças de caça e as taxas de caça em qualquer parte de Moçambiquecontribuíram para este progresso do Parque. No mesmo período, a pavimentação daestrada Beira-Rodésia e a construção da ponte sobre o rio Pungué, em Bué Maria,ajudou a duplicar o número de visitantes.

Igualmente nos finais dos anos 60, realizaram-se os primeiros estudos científicosbásicos do Parque, conduzidos por Kenneth Tinley, um ecologista sul-africano. Na primeira contagem efectuada com meios aéreos, Tinley e sua equipe registaram cercade 200 leões, 2.200 elefantes, 14.000 búfalos, 5.500 bois-cavalos, 3000 zebras, 3.500pivas, 2.000 impalas, 3.500 hipopótamos e manadas de centenas de elandes, pala-palas e gondongas.

Tinley também descobriu que muitas pessoas e muita vida selvagem residente dentroe nos arredores do Parque Nacional, depende de um rio, o Vunduzi, que nasce nasvertentes da montanha de Gorongosa. Porque a montanha estava fora das linhasfronteiriças do Parque, Tinley propôs a expansão das fronteiras, de maneira a incluira montanha por ser o elemento chave do Grande Ecossistema da Gorongosa, comcerca de 8.200 quilómetros quadrados. Ele e outros cientistas e conservacionistasficaram desapontados em 1966 quando o governo reduziu a área do Parque para 3.770quilómetros quadrados. A razão oficial para a redução era porque os camponeseslocais precisavam de mais terras para suas práticas agrícolas. Tinley viu a situaçãode outra maneira. Ao apontar para o desaparecimento de muita vida selvagem emvárias zonas circunvizinhas, ele acreditou que a razão verdadeira da redução da áreado Parque era para facilitar o trabalho dos caçadores locais. “A fome deles era deproteínas, e não de terras,” disse Tinley.

Simultaneamente, Moçambique estava no meio da guerra de libertação iniciada em1964 pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo). Felizmente a guerra tevepouco impacto no Parque Nacional da Gorongosa até 1972, quando uma CompanhiaPortuguesa e membros da Organização Provincial de Voluntários se instalou noParque para protegê-lo. Nessa altura não foram causados muitos danos, emboraalguns soldados caçassem ilegalmente. Em 1972, enquanto a guerra estava ainda emcurso, o Parque tinha cerca de 200 leões, 14.000 búfalos, 5.500 bois-cavalos, 3.500hipopótamos, e mais de 2.000 elefantes. Em 1976, um ano depois de Moçambiqueestar independente de Portugal, contagens aéras do Parque e do delta do rio Zambezeindicavam aproximadamente 6.000 elefantes e cerca de 500 leões, provavelmente amaior concentração de leões em toda África.

Em justo reconhecimento do progressivo desenvolvimento e reputação da fauna doParque e da importância de conservar este bem em Moçambique, em 1981, o governoda Frelimo escolheu o Parque para acolher a Primeira Conferência Nacional sobre aFauna Bravia.

Em 2004, o Governo de Moçambique e a Carr Foundation, com sede nos EUA,acordaram unir esforços no sentido de reconstruir a infra-estrutura do Parque, restaurara sua fauna e flora bravias e estimular o desenvolvimento económico, dando assiminício a um novo e importante capítulo da história do Parque.

Entre 2004 e 2007, a Carr Foundation investiu mais de dez milhões de dólares nesteesforço. Durante este período, a equipa do projecto de restauração do Parque criou umSantuário de Fauna Bravia de 6.200 hectares e reintroduziu búfalos e bois-cavalos noecossistema. Também foi nesta altura que se começou a restaurar o Acampamento deChitengo.

Dado o sucesso deste projecto inicial de três anos, o Governo de Moçambique e a CarrFoundation (que passou a designar-se “Gorongosa Restoration Project”) anunciaramem 2008 a assinatura de um acordo para restaurar e co-gerir o Parque nos próximos20 anos.

A dedicada equipa de cientistas, engenheiros, gestores de negócio, peritos emeconomia e técnicos de turismo que agora trabalha na restauração do Parque Nacionalda Gorongosa está confiante de que com trabalho árduo, com o desenvolvimentoda população local e com os rendimentos provenientes do ecoturismo, esta zonaespectacular irá reencontrar a glória que teve no passado.

Em Julho de 2010, o Governo de Moçambique decidiu alterar os limites do ParqueNacional da Gorongosa e incorporar a Serra da Gorongosa (acima dos 700 metros)dando assim satisfação a uma velha aspiração que tinha sido apresentada nos anos60 pelo então ecologista do PNG, Kenneth Tinley. O Parque passou a ter uma área de4.067 quilómetros quadrados e o Governo decidiu também estabelecer oficialmenteuma zona tampão com cerca de 3.300 quilómetros quadrados.

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